domingo, 9 de setembro de 2007

Agnósticos

Quando o assunto é religião, cresce o número de pessoas que se autodenominam agnósticas; são incertas quanto à existência de Deus. Não tenho nada contra essas pessoas, afinal todo mundo tem um coeficiente agnóstico dentro de si próprio, mas essa é uma mostra da sociedade "emcimadomurista" em que vivemos, em que dizer que se é religioso fervoroso ou ateu é algo radical demais. Se a pessoa é muito religiosa, logo muitos começam a profanar que o fanatismo pode ser ignorância ou intolerância; se é atéia, tacham-na de insensível e até materialista.

Essa incerteza toda nada mais é do que o reflexo do mundo, do que acontece diariamente. Não se tem certeza de nada, o amanhã é uma incógnita, as verdades absolutas não existem mais, e tudo é motivo para dúvida. E se a tecnologia é positiva em muitos casos, em outros só trás o caos para a sociedade, pois diante de tanta informação e tanta especulação da imprensa não sabemos no que acreditar, e no que duvidar. Escritores querendo vender abordam a religião; Dan Brown e a enxurrada de livros sobre Afeganistão e o Oriente Médio são os best-sellers, e a Literatura perdeu seu caráter de cultura e entretenimento para se tornar um meio de especulação religiosa. E agora? O que é real?

Com isso as pessoas vão perdendo a fé, e é isso que é alvo de tantos escritores e do sensacionalismo da mídia, colocar a fé das pessoas em dúvida. As que têm formação religiosa mais rigorosa desprezam esse tipo de informação, mas essas são uma minoria, e a Igreja Católica vai perdendo fiéis, mais agnósticos pro mundo. Ter fé, mesmo que seja em si próprio, é importante para a construção de valores no planeta, e para resolver os problemas que a atual sociedade tem. Corrupção na política, problemas com o sistema aéreo, inflação, desemprego: hoje ninguém mais crê que um dia a situação possa ser diferente, já que a imprensa molda a linha do pensamento das pessoas de forma que elas pensem ser inútil lutar por seus direitos e por melhorias no sistema. E a própria descrença religiosa tem relação com isso, acha-se que nem Deus pode com a injustiça do mundo, e os fiéis vão perdendo sua razão de seguir uma doutrina ligada à religião.

Assim fica claro que a imprensa num geral influencia a falta de fé das pessoas, seja em Deus, nelas próprias ou em mudanças na sociedade. Se existem canais e/ou programas de TV com propósito religioso, o que se vê é a capitalização da Igreja, um ponto de arrecadação de dinheiro e exploração dos mais ingênuos. Não nego que haja alguns pontos positivos, pois já assisti a momentos de reflexões válidas, que buscam nas pessoas o resgate da fé e da prática religiosa. Porém, a Igreja está perdendo seu papel, e os agnósticos ganham o cenário por parecerem mais sincronizados com a realidade, ou seja, incertos.

4 comentários:

Gabriel Mendes disse...

Novamente um belo texto Raysa! Mas não venho falar aqui falar da questão religiosa e dos conceitos abordados, até porque isso é para uma discussão mais ampla. Mas penso que a fé é que move o homem. Mas ter fé não é necessariamente ter certezas. Como você disse, ter fé, mesmo que seja em si próprio, é importante para a construção de valores no planeta, e para resolver os problemas que a atual sociedade tem. Mas além da fé é preciso ter atitude. Coisa que as pessoas não estão tendo. O mundo hoe é movido pela apatia (paradoxal não?), justamente pelo fato de as pessoas buscarem abrigo em convicções de que algo possa mudar através de Deus e líderes, sejam eles pastores, políticos e tecnocratas em geral. Isso tem que ser mudado. As pessoas precisam acreditar mais nelas mesmas e agir para conseguirem pelo tentar mudar o que acreditam que é errado. Acho que já falei de mais. Beijão

Raysa Barbosa disse...

adorei o paradoxo do seu comentário... realmente fiquei refletindo, o mundo é movido pela apatia, isso é incoerente e ao mesmo tempo real...

Maíra Borges disse...

Religião, política e futebol dizem, e só dizem, não se discute.

Mas o caso "agnosticismo" é real.Vivemos em um mundo tão globalizado mas q não consegue a paz.Qto aos livros, questão d oportunidade.Pessoas têm tendência a se interessar por aquilo q não lhes é revelado, Oriente por ex.
A fé está em xeque.
Mas acredito q não há um xeque mate, pois ela ainda mata e faz viver simultaneamente.
Texto bem escrito, mt bom..continua q tenho ctz q estamos gostando...hehehe

beejo*

Anônimo disse...

Belas palavras e belos textos Rayssa. O verbo se faz ação em seus textos e essa capacidade única de criticar construtivamente e com seriedade nos mostra o paradigma do perfeito jornalismo.
Parabéns pela iniciativa, sempre que puder passarei por aqui e comentarei algo. Valeu menina!!!!!!!