Sim, ninguém mais fala no caos aéreo, e o fato de Renan Calheiros não ter sido cassado ganhou projeção maior na mídia e no interesse dos brasileiros nos últimos dias. Mas sempre quis uma oportunidade de falar algumas coisas que penso sobre a aviação brasileira mas ainda não havia surgido oportunidade. E agora, cá está.
Não quero ser a defensora do governo federal, mas o jogo de empurra-empurra de quem é responsável pelo acidente com o avião da TAM parece ter dado em nada, como tudo neste país. E sempre gostei de deixar claro, na minha opinião, que culpar o Estado do ocorrido era apenas a saída mais fácil tanto para a empresa aérea quanto pros familiares das vítimas e dos brasileiros em geral. O incidente infelizmente coincidiu com a crise que vigorava na época, mas as pessoas se negam a admitir que houve falhas mecânicas, que a verba destinada à reforma do aeroporto de Congonhas foi usada principalmente em reparos estéticos, e que aeroporto em si não é seguro. Nas páginas das revistas da semana, todas alfinetando o governo, obviamente, apareciam pessoas com faixas dizendo "Fora Lula" e mensagens similares. Admito ter sido errada a atitude de indiferença do presidente nos momentos após a trágédia, porém querer culpá-lo foi, mais uma vez, ação da mídia de direita que vigora no Brasil.
A verdade é que os interesses capitalistas mais uma vez estavam em jogo, e não só a TAM, como as outras empresas, mesmo cientes da crise aérea instaurada, continuaram operando sem reduzir o número de vôos necessários. E, o pior ainda, com problemas mecânicos, o que agrava a situação. E aí, o que acontece? Juntam-se os burgueses falsamente engajados do Brasil organizados pela OAB num tal movimento de "Cansei" que não fez nada de útil, além de escurraçar o governo federal; não mobilizou a massa popular, e ninguém se lembrou do minuto de silêncio que nada adiantaria. Se fosse assim, toda vez que houvesse um escândalo de corrupção iríamos dizer algum verbo no prétérito perfeito, como "Magoei", "Emburrei", "Revoltei", ficaríamos um minuto parados pensando na morte da bezerra, e pronto, já fizemos nossa parte! Que patriotas engajados que somos, minha nossa!
Mais uma vez bato na tecla da ação, como a frase de Romain Rolland "Que teu verbo seja ação" , que estampou meus uniformes escolares por alguns anos. Se a burguesia revoltada de direita quisesse alguma mudança de verdade, deveria fazer uma greve e não comprar mais passagens de 1ª classe nos aviões, e boicotar esse meio de transporte por pelo menos algum tempo. Aposto surtiria algum resultado, mesmo que discreto. Mas não, a turminha da Hebe Camargo não quis deixar o luxo de lado, e deu no que deu. Aliás, não deu. E ainda aproveito pra falar o tanto que desprezo cada vez que a Hebe começa seu programa com aqueles discursinhos inflamados, cheios de revolta, e aquela platéia insossa aplaude e assina em baixo. Pra ser sincera, não suporto.
Agora, o que nos resta é esperar, e esperar, pra ver o final (ou não) da crise aérea no Brasil.
sábado, 15 de setembro de 2007
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3 comentários:
A gente já acostumou com crise aérea, ninguém liga mais pra isso. E a gente já acostumou com não cassar filhos da puta, ninguém liga mais pra isso.
Cansei é uma bosta. Melhor o "peidei, mas não fui eu." do Lobão. (mas ele ainda é um doente, mesmo depois de acertar essa)
Nossa esse caos aéreo é um negócio cáotico mesmo.
Mas nós,brasileiros temos o péssimo hábito de esquecer algo como uma crise dessas e procurar por novos desastres.
Lamentável
As cousas poderão melhorar, o dia em que alguém assumir a culpa dos sucessivos erros e parar de botar a culpa no outro, assim um passa a "batata quente" pro outro e nada é apurado, e quando é realmente apurado, é esquecido.
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